TEXTO Nº 62.
Na primeira metade do século XVI, não houve, no Brasil, nada que se pudesse caracterizar como educação. A rigor, a cultura só chegaria à Colônia em 1549, com os jesuítas que acompanhavam o 1º Governador-Geral, Tomé de Souza. No ano seguinte, Manoel da Nóbrega fundava, na Bahia, o Colégio dos “Meninos de Jesus”, ponto de partida de uma cadeira de colégios que, no século XVII atingiria o total de onze. Em 1554, foi fundado o Colégio “São Paulo de Piratininga”, origem da atual cidade de São Paulo. Dentre os jesuítas que militaram na educação do Brasil, destacam-se: Manuel da Nóbrega, José de Anchieta, Antônio Vieira e Luís de Grã.
Esse precário tipo de educação, único possível na Colônia, em virtude do distanciamento da Metrópole, perduraria até o ano de 1759, quando a companhia de Jesus foi expulsa de Portugal e suas colônias pelo Marquês de Pombal.
TEXTO Nº 63.
Você poderá ser um cobra no nosso idioma, bastando que, dentre outras coisas certas, não diga que insetos e cobras mordem. Abelhas, moscas, mosquitos e demais insetos, além da cobra, picam.
O arreio, claro, que é parte do equipamento para montaria (burro, cavalo etc.), nada tem a ver com arrio. A primeira, pelo visto, é substantivo, enquanto que a segunda (arrio), é verbo. Ex.: A mala foi arriada no chão; arrio os embrulhos no banco; o carregador arriou os volumes perto do táxi; numa rodoviária ou aeroporto, fique sempre atento aos volumes que você tiver arriado, enquanto aguarda a condução etc.
Formicida, raticida, inseticida etc., são palavras masculinas. Ex.: O formicida deve ser guardado distante dos cereais; o raticida, o pão ou o queijo etc., com que se preparam as iscas, devem ficar fora do alcance de crianças e animais domésticos; o inseticida não deve ser aplicado em locais fechados ou de modo a atingir peças de vestuário, alimentos etc.
TEXTO Nº 64.
As primeiras decisões tomadas a favor dos escravos no Brasil foram resultado da pressão exercida pela Inglaterra junto ao governo de nosso país. As principais leis nesse sentido foram a abolição do trafico negreiro (Lei Eusébio de Queirós) em 1.850; a do Ventre Livre em 1871; a dos sexagenários em 1.885 e finalmente a Lei Áurea assinada pela princesa Isabel, em 1.888, que aboliu definitivamente a escravidão no Brasil.
A mão de obra escrava que fora utilizada em todas as etapas da vida econômica brasileira até então, começou a ser substituída pela do imigrante europeu em meados do século XIX; essa substituição se fez gradativamente, e só depois da abolição da escravatura, o braço livre passou a ser o único utilizado como força de trabalho. Uma das principais pessoas a estimular a imigração foi o senador Vergueiro que fundou uma colônia de alemães e suíços em São Paulo, em 1.847.
TEXTO Nº 65.
Certo dia, passava o grande operador (Dr. Moura Brasil) pela Rua do Ouvidor, quando viu, a mão estendida, um cego que pedia esmola.
- Você quer ficar bom da vista, meu amigo? – perguntou-lhe, dando-lhe uma esmola.
- Ah, meu senhor! – gemeu o desgraçado, - será a maior felicidade da minha vida!
- Pois, amanhã, peça a alguém que o conduza ao meu consultório, às 3 horas. Aqui está o endereço.
E entregou-lhe um cartão, com seu nome.
No dia seguinte, lá estava o cego. E com tanta felicidade foi operado, que, oito dias depois, estava completamente bom.
Um mês depois, ia Moura Brasil pela mesma rua, quando viu, no mesmo lugar, o mendigo, olhos parados, mão estendida. Uma esmola, pelo amor de Deus, para um pobre cego!
Aproximou-se:
- Mas, que é isso? Você, então, não está curado?
- Ah, meu senhor! – pretextou o mendigo. – Estar, estou; mas é como se não estivesse. Eu passei 15 anos cego, e me desabituei de trabalhar; agora quis me acostumar, e não pude!
TEXTO Nº 66.
Muitos grafam cabine, marquise, vitrine etc., por força do francês. No nosso idioma, o a substitui o e, que fica só para francês ver... Temos, então, cabina, marquisa, vitrina, popelina etc.
O verbo haver não tem nada a ver com cartas, no plural... Haviam cartas na mesa, portanto, é forma errada e que se corrige com o verbo no singular. Pela mesma razão não deve ser dito: Houveram várias oportunidades; haverão novos livros na biblioteca etc. Pela idéia de existir, que dá o verbo haver, nessas circunstâncias, deve permanecer no singular. Ex.: Houve várias oportunidades; haverá novos livros na biblioteca etc.
Jamais diga: Há três meses passados estive em Tóquio etc.; há dois anos passados comprei um apartamento etc.; há cinco dias atrás visitei meu pai etc. observe que, há, passados, visitei, comprei etc., dão, todas, idéia de passado. Admitem-se, pois, como formas indiscutíveis, as seguintes: Há três meses estive em Tóquio; há dois anos comprei um apartamento; há cinco dias visitei meu pai etc.
TEXTO Nº 67.
A reprodução assexuada é aquela onde partes dos seres vivos têm possibilidades de formar um novo ser. A reprodução assexuada é muito comum nos vegetais sendo também chamada de reprodução vegetativa. Em alguns vegetais essa regeneração é feita por folhas (por exemplo: batatinha). Outros vegetais possuem estruturas especiais destinadas à reprodução assexuada como, por exemplo, as samambaias, os musgos e os fungos. Nos animais a reprodução assexuada também pode ser observada. Mais comumente ocorre regeneração que pode estar ligada ao processo de reprodução quando partes de um animal formam um novo ser. Por exemplo: estrela do mar quando se perde um braço, outra estrela se formará desse braço perdido. A regeneração não está ligada ao processo de reprodução quando somente regenerar a parte perdida do animal. (Por exemplo: as lagartixas quando perdem sua cauda a regeneram).
No homem a capacidade de regeneração é pouco pronunciada. Não há regeneração de membros, mas, a da pele sim pela cicatrização.
TEXTO Nº 68.
O Poder Legislativo é composto pela Câmara de Deputados e pelo Senado federal. Esses dois órgãos, juntos, compõem o Congresso Nacional.
Os membros da Câmara de Deputados são eleitos diretamente pelo povo, para um período de quatro (4) anos, que corresponde a uma legislatura. Cada Estado tem um número de deputados, de acordo com o total de eleitores inscritos que tiver.
Já o Senado é composto pelos senadores, em número de três por Estado, eleito cada um para um período de oito anos.
Nos Estados, o Poder Legislativo é exercido pela Assembléia, cujos membros são eleitos pelo povo.
Nos Municípios, exerce o Poder Legislativo a Câmara de Vereadores, cujos membros são eleitos pelo mesmo processo dos membros da Assembléia Legislativa.
Quanto aos Territórios Federais, estes têm apenas um representante na Câmara de Deputados e nenhum no Senado Federal.
TEXTO Nº 69.
O presente do indicativo e do subjuntivo do verbo fechar é fecho (ê), fechas (ê) etc.; e feche (ê) etc. Com o aberto (fécho) é forma errada.
Por se originar de veruca (latim), mais lógico é verruga, para nós. Escrever ou pronunciar berruga, é sinal de erro... É sempre bom recorrer-se a um especialista quando do aparecimento imoderado de verrugas.
Se você ficar de olho na grafia correta da palavra sobrancelhas, nunca mais aceitará sombracelhas, ou outras formas cabeludas...
De modos que e de maneiras que são formas incorretas que se substituem por: de modo que e de maneira que.
Parece estranho, mas o nome correto não é azaléa ou azaléia! Esse arbusto, de flores tão belas, da família das ericáceas, deve ser grafado e pronunciado azálea. Crisântemo, como se observa, tem circunflexo no a, não devendo, portanto, ser pronunciado crisantemo (ê).
TEXTO Nº 70.
Desde a independência começaram os choques entre D. Pedro e os brasileiros mais liberais. Algumas causas do descontentamento foram, entre outras, a questão da coroa portuguesa, os escândalos da vida particular, a sua preferência pelos portugueses e as suas atitudes absolutistas. A abdicação foi resultado de Campanha dos Liberais, que, desanimados de conseguir uma alteração da política de D. Pedro, exploraram o descontentamento popular e os sentimentos nativistas, conseguindo sublevar o povo quando D. Pedro dissolveu o ministério brasileiro, substituindo-o pelo “dos marqueses”.
Preferindo renunciar ao trono a ceder o país a uma guerra civil, D. Pedro abdicou em favor de seu filho Pedro de Alcântara, a 7 de abril de 1.831, e partiu para Portugal acompanhado unicamente da esposa e da filha mais velha.
TEXTO Nº 71.
Nenhuma festa de Natal era conhecida nos três primeiros séculos. No ano 336, em Roma, o nascimento de Cristo foi festejado pela primeira vez no dia 25 de dezembro. Nesta data era comemorada a festa pagã do sol natural invencível, dedicada ao deus Mitras. O desenvolvimento do Cristianismo e o governo de um imperador cristão não podia admitir celebrações deste tipo. Era preciso uma decisão. E, como boa parte dos cristãos sentia falta de mais atos litúrgicos, transformaram a festa de Mitras numa consagração a Cristo. A mudança foi bem aceita e, dentro de pouco tempo, a celebração do Natal em 25 de dezembro criou raízes e é adotada até os dias de hoje, já que é praticamente impossível determinar a data do nascimento do Menino Deus.
TEXTO Nº 72.
Por significar e outro (as); e outras coisas, é que não tem cabimento a vírgula antes do etc. (abreviatura de et caetera, do latim). Escreva, portanto: O Brasil exporta, além de know-how, aviões, automóveis etc. A palavra final – etc. – engloba tudo mais quanto não foi relacionado: Sapatos, tratores, rádios, tecidos etc.
Não se admite incólor, tricólor, bicólor etc. No entanto, erradamente, muitos pronunciam tecnicólor. Oxítona, como é, deve ser pronunciada tecnicolor (lôr), a exemplo de incolor, bicolor, tricolor etc., todas com a última sílaba fechada (lôr).
Foro, local onde funcionam os órgãos do Poder Judiciário, tem o fechado, no singular – foro (ô) e aberto, no plural – foros (ó).
Embora estranha, seriíssimo (de sério), é forma correta em português. Ex.: O caso dos seqüestros é seriíssimo etc.
TEXTO Nº 73.
No intestino delgado existem fermentos digestivos, que irão promover a absorção de substâncias alimentares sob a forma de glicose, aminoácidos, glicerina e ácidos graxos, uma vez que no quimo foram transformados apenas o amido e as proteínas. Aí mesmo no intestino delgado, as substâncias alimentares receberão o nome de QUILO a partir do momento que sofreram a ação de fermentos digestivos provenientes do pâncreas, da bile proveniente do fígado e de fermentos digestivos fabricados pelo próprio intestino.
Quando se faz o exame de sangue de uma pessoa, encontram-se, entre outras substâncias, aminoácidos, ácidos gordurosos, glicerina e glicose. Isso nos mostra que os alimentos orgânicos, depois de transformados e absorvidos pelo intestino delgado, passam para o sangue.
TEXTO Nº 74.
Os problemas financeiros do Brasil, a oposição na Assembléia ao Imperador, o sentimento nativista dos brasileiros que passaram a ver com desconfiança a origem portuguesa de D. Pedro, aumentada depois que ele passou a ser também o Rei de Portugal, com a morte de D. João VI (1826), fizeram com que D. Pedro I fosse perdendo a popularidade.
Mesmo tendo abdicado ao trono português em favor de sua filha D. Maria, não conseguiu acalmar os receios e o descontentamento contra o seu governo. Os acontecimentos se precipitaram com a troca do Ministério, o que levou D. Pedro I a abdicar em 7-4-1831 em favor de seu filho D. Pedro II, brasileiro nato, e embarcar para Portugal, a fim de defender os direitos de sua filha D. Maria II ao trono português.
TEXTO Nº 75.
Observe, como aparecem, a seguir, as homófonas viajem e viagem: Que ela viaje de concorde, concordo; é uma viagem mais rápida. Como se viu, com J, é verbo; com G, substantivo. Antes de uma viagem, é sempre bom certificar-se de que seu carro está em condições e de que todos os seus documentos estão sendo conduzidos. O cuidado nas estradas é garantidor de quem viaja de automóvel. A melhor de todas as viagens é a de retorno ao lar.
É inexplicável a aversão de muitos à palavra presidente. Parece-nos mais certo: Márcia é a presidenta do clube, do que presidente. Não constitui erro, entretanto, presidente antes do feminino. Presidente Marília; a presidente Norma etc.
Reflita, no absurdo de se dizer: enfiar o chapéu na cabeça; enfiar as luvas nas mãos; enfiar os sapatos nos pés etc. Essa curiosa figura de retórica chama-se hipálage. Não lhe parece mais viável: enfiar os pés nas meias; as mãos nas luvas e os pés nos sapatos?... Ou você, amolado com essas explicações, vai enfiar no chapéu a cabeça e ir embora...
TEXTO Nº 76.
Tomemos um jovem na plenitude de suas forças; coloquemo-lo sob a supervisão de técnicos especializados; façamo-lo treinar várias horas por dia; possibilitemos-lhes o acesso aos instrumentos e aparelhos mais sofisticados; ofereçamos-lhe fama, vantagens financeiras, promoções regulares; alimentemo-lo cientificamente; adicionemos a tudo isto uma inabalável vontade de vencer.
Com estes ingredientes, a mistura pode ser levada ao forno, cozinhando em “banho Maria” para evitar que a massa fique ressecada. Serão necessários talvez alguns anos de expectativa antes de atingirmos o ponto. Contudo, uma coisa é certa: um dia, ao jantar, poderemos servir ao Brasil um campeão olímpico!
TEXTO Nº 77.
Enquanto as colônias espanholas eram uma grande fonte de exportação de metais preciosos (ouro e prata), facilmente encontráveis e sem grandes despesas de extração, no Brasil, os portugueses só encontravam o pau-brasil.
O pau-brasil era encontrado em todo o litoral brasileiro, do Rio Grande do Norte ao Rio de Janeiro, e o processo usado na sua extração era simples e barato. Era cortado no meio da mata, com auxilio dos índios, os quais o transportavam até as feitorias do litoral em troca de miçangas e quinquilharias, e mais tarde, em troca de objetos úteis, como machados, facas, foices e anzóis.
De acordo com o sistema econômico da época e com o próprio sistema colonialista português, o pau-brasil era produto de exportação, que deveria ser extraído em grande escala e vendido na Europa. Além disso – sempre dentro da política econômica da época – o pau-brasil, como a maioria dos mais valiosos produtos coloniais, era monopólio da coroa portuguesa. Isto significa que o direito de extrair a mercadoria, e de vendê-la, e os lucros assim obtidos pertenciam a Portugal. Entretanto, o rei de Portugal costumava associar-se a particulares, concedendo-lhes o direito de explorar o pau-brasil. Esse sistema proporcionava vantagens e ambas as partes: fortalecia o poder real e enriquecia os comerciantes a ele ligados.
TEXTO Nº 78.
Conta a Mitologia que Midas, por hospedar condignamente o Baco, recebeu deste deus a promessa de ter satisfeito um de seus desejos. Nervosamente, Midas solicitou o dom de transformar em ouro tudo em que tocasse.
Assim foi feito. O privilegiado anfitrião rejubilou-se ao constatar que as paredes, os objetos de uso pessoal, a mobília, tocados por ele, se metamorfoseavam em ouro da mais pura espécie. Sua alegria, entretanto, duraria pouco. Ao abraçar esposa e filhos, viu-os transformados em estátuas daquele metal. Ao tentar alimentar-se, percebeu horrorizado que os talheres, a mesa, o vinho e até as refeições eram agora barras de ouro.
Pobre Midas! Era o homem mais rico do mundo. No entanto, toda a sua opulência era vã, porquanto não lhe permitia desfrutar do carinho dos filhos, do calor da esposa nem das iguarias de sua abastada despensa.
Esta lenda mostra-nos que o dinheiro não é o valor maior. Sua existência, se desacompanhada de outros fatores, é como uma árvore bela, mas estéril.
TEXTO Nº 79.
Bimensal é o mesmo que quinzenal. É o que se realiza ou aparece duas vezes por mês. Bimestral é o que ocorre ou aparece de dois em dois meses. Explicam-se, desse modo, o bi, de mensal, e o bi, de mestral...
Televisão é a transmissão a distância da imagem (objetos, pessoas etc.); televisor é o receptor dessa imagem. Ex.: A televisão (a imagem) está nítida; no Natal comprei um televisor novo etc. Ainda que bastante propagado, é errado dizer televisão, referindo-se ao aparelho que temos em casa. É fácil, por analogia, não errar mais: Televisor é o que está perto de nós; televisão é o que, de longe, chega até nós.
Há quem não admita a forma acrobata, como certa. Ambas – acrobata e acróbata – são corretas e constantes da maioria dos dicionários.
Embora desaconselhando velocidade imoderada no veículo, vamos, velozmente, aprender mais uma: motorcicleta e motocicleta – tô são pronúncias largamente difundidas – incorretas, não obstante. É possível que motorcycle, do inglês, induza a esse erro. Como certas, vamos ficar com motocicleta (mó), motociclismo (mó) etc.
TEXTO Nº 80.
PALADAR
A sensação de gosto fica gravada no cérebro. Para sabermos o gosto de um alimento que nunca provamos, precisamos levá-lo à língua, sede dos receptores do paladar, sentido responsável pela sensação de gosto.
Os estímulos provocados pelos diferentes gostos são recebidos pela língua e conduzidos até o cérebro por intermédio de um nervo.
Cada tipo de sabor é melhor percebido em determinada região da língua. O sabor doce é melhor percebido na ponta da língua. O sabor amargo é melhor percebido na parte posterior e os sabores azedo e salgado são mais bem percebidos nas partes laterais da língua.
TEXTO Nº 81.
Ainda há quem confunda concerto e conserto! Concerto (com C) é sessão musical, enquanto que, com S, conserto, é reparo, restauração etc. Ex.: Cácia foi ao concerto, no Teatro Municipal; o mecânico consertou o carro etc.
Possivelmente por influência da pronúncia inglesa record (é), a maioria das pessoas pronuncia récor ou recorde. No nosso idioma a tônica é no o – recorde (ó).
À garantia constitucional para proteger direito individual líquido e certo, não amparado por habeas-corpus, contra ilegalidade ou abuso de poder, dá-se o nome de mandado de segurança. Ex.: “A família Bernardes ganhou o mandado de segurança”; “os funcionários inpetraram mandado de segurança visando o recebimento de gratificação” etc. Mandato de segurança, pelo exposto, é inapelável...
Para mim ir; para mim comprar; para mim fazer; para mim olhar etc., são formas incorretas. Em tais situações põe-se eu em lugar de mim: Para eu ir; para eu comprar etc.
TEXTO Nº 82.
Após 1967, a Superintendência Nacional da Marinha Mercante resolveu atribuir aos navios de bandeira nacional papel cada vez mais importante no comércio exterior brasileiro, visando à economia de divisas. Essa decisão deu grande impulso à navegação marítima ao longo do curso, redundando na construção de grandes estaleiros no Rio de Janeiro, centro da indústria de construção naval. O mesmo aconteceu relativamente à navegação de cabotagem.
A navegação fluvial é inexpressiva, apesar de o Brasil possuir em seu território importantes vias, como os rios da Amazônia, o São Francisco, o Paraná, o Paraguai, o Tietê e outros.
Realiza-se atualmente uma política de reaparelhamento e ampliação dos portos existentes, por parte da Portobrás, que veio substituir o Departamento Nacional de Portos e Vias Navegáveis – (DNPVN).
TEXTO Nº 83.
Extremamente feliz, o cidadão, acompanhado de sua mulher, deixou a maternidade carregando no colo seu mais novo rebento. Chegou ao modesto edifício onde mora, pegou o elevador, saltou no seu andar, botou a chave na fechadura e, ao entrar, ouviu-se por todo o prédio um estrondo ensurdecedor. Imediatamente a vizinhança acorreu aflita, parando diante da porta onde escapavam rolos de fumaça. “Será que foi algum atentado?” indagou uma senhora cheia de rolos na cabeça. Enquanto as indagações se sucediam, um senhor com ar de cientista aproximou-se, pediu licença à pequena multidão e dirigiu-se ao dono da casa:
- Quantos cômodos tem esse apartamento?
- É de quarto e sala.
- E quantas pessoas moram aqui?
- Bem, eu, minha mulher e sete filhos, aliás, oito.
- Quer dizer que moram dez pessoas num quarto e sala? –indagou espantado o cientista. O proprietário balançou a cabeça afirmativamente. O cientista retirou-se. À saída, uma senhora gorda, de peignoir, interpelou:
- Foi uma explosão de gás?
- Não senhora – respondeu o cientista. – foi uma explosão demográfica.
TEXTO Nº 84.
Lúcia está meia doente; a casa está meia velha; a cadeira é meia dura ect., são formas erradas, pela aplicação de meia.Corrigir: Lúcia está meio doente; a casa está meio velha; a cadeira é meio dura; as crianças estão meio febris; as plantas estão meio murchas etc.
Suor (ô) é pronúncia, além de feia, errada. Essa palavra tem o aberto – suor (ó) – e o verbo se conjuga: suo, suas, sua etc. Soar, como pensam uns poucos, nada tem com suar, a não ser o calafrio, produzido pelo erro... Soar é o mesmo que dar ou reproduzir som; ecoar etc.
Jamais acrescente s ou ponto ao h de hora (gastam-se 5hs do Rio a São Paulo; o avião ficou retido mais de 3hs etc.). Vejamos alguns exemplos certos: Gastam-se 5 h do Rio a São Paulo; o avião ficou retido mais de 3h; a reunião terminou às 6h26min; Angélica chegou às 10h20min etc.. Convém observar, também, a grafia certa de minuto (min), que, como a de hora (h), é sem ponto e com minúscula.
TEXTO Nº 85.
A amizade é como um muro de concreto que protege a casa à beira-mar. As ondas vão e voltam, batendo ora suave, ora violentamente contra ele; vem o sol, vem a chuva, vem o vento, e o muro está sempre ali, forte, inabalável diante dos elementos, disposto a sacrifícios, humilhações e esquecimentos. Graças a ele, a casa permanece tranqüila e serena, dominando altiva o rochedo.
Assim é a amizade. Quando contamos com ela, somos como a casa protegida. Sabemos que existe uma barreira entre nós e os ataques de inveja, as calúnias do ódio e as mentiras de ingratidão. Sabemos que...
TEXTO Nº 86.
Quando se deseja saber como vai ou está uma pessoa, pergunta-se com bem, jamais com bom. Ex: Tudo bem?; como estão as crianças, estão bem? Como vai você no trabalho, bem? O oposto de bom é mau; bom é adjetivo. O oposto de bem é mal; bem é advérbio.
Copie, algumas vezes, a palavra mimeógrafo e, certamente, nunca mais escreverá mimiógrafo...
De fato, não há o que opor à pronuncia de rubrica (í), paroxítona, como se vê. Rúbrica é forma absolutamente errada. É aconselhável evitar a prática, até certo ponto perigosa, de rubricar ou assinar a esmo, à guisa de passatempo. Por outro lado, ao assinar algum documento, observe atentamente o que foi escrito e se, no espaço entre o fim do que se escreveu e sua assinatura há a possibilidades de inserções maldosas, feitas a posteriori, com fins até mesmo criminosos.
Embora generalizada, não é correta a forma encher um cheque, encher uma ficha, encher o formulário etc. Nesses casos, subentende-se que existem claros a preencher (num cheque, formulário, ficha etc.). A forma correta, portanto, é com o verbo preencher.
TEXTO Nº 87.
Nunca escreva Porto Alegre – R. S.; Juiz de Fora – M. G.; São Fidélis – R. J. Como em h (de hora) e em min (de minuto), o ponto não se justifica nas siglas de estados. Escreva certo: Porto Alegre – RS; Juiz de Fora – MG; São Fidélis – RJ etc.
A pronúncia errada (aimpim) da palavra aipim, é um mal de raiz... Desde cedo começamos a ouvir a forma errada. Aipim deriva de tupi (aii-pii) e é a correta.
Para descrever a significado de discrição temos, pela comparação, de descrever descrição também... Descrição é o ato de escrever, relatar, expor, com detalhes, explicar etc.. Discrição é próprio de quem é discreto, reservado etc.
A peça protetora das extremidades dos eixos dos automóveis, chama-se calota. Carlota, por incrível coincidência, poderá ser o nome da dona do carro...
TEXTO Nº 88.
Ó estrangeiro, ó peregrino, ó passante de pouca esperança – nada tenho para te dar, também sou pobre e estas terras não são minhas. Mas aceita um cafezinho.
A poeira é muita, e só Deus sabe aonde vão dar esses caminhos. Um cafezinho, eu sei, não resolve o teu destino; nem faz esquecer tua cicatriz.
Mas prova... Bota a trouxa no chão, abanca-te nesta pedra e vai preparando o teu cigarro...
Um minuto apenas, que a água está fervendo e as xícaras já tilintam na bandeja. Vai sair bem coado e quentinho.
Não é nada, não é nada, mas tu vais ver: serão mais alguns quilômetros de boa caminhada... E talvez uma pausa em teu gemido!
Um minutinho, estrangeiro, que o teu café já vem cheirando...
TEXTO Nº 89.
3 e pouca; 5 e poucas; 8 e pouco etc., são formas absolutamente erradas. Por estas, fiquemos com: 3 e poucos; 5 e poucos etc. Poucos, como é facilmente depreensível, refere-se a minutos. Ex.: Saí às 3 (horas) e poucos (minutos) etc.
Meio-dia e meia e ao meio-dia e meia são formas corretas e que não devem dar lugar a meio-dia e meio e ao meio-dia e meio. Meia, corresponde a hora – meio-dia e meia (hora). Meio-dia e meia, portanto.
Após a palavra temperatura nunca se aplica quente ou fria. O correto é alta ou baixa. Ex.: A temperatura, em Porto Alegre, é, quase sempre, baixa; em Belém, no verão, a temperatura é extremamente alta etc. É certo, porém: Belém é quente; Petrópolis (a cidade) é fria; Porto Alegre é fria etc. É, talvez, na Groenlândia, onde se estabelece o recorde de temperatura baixa. Como se sabe, a Groenlândia é uma extensa região ártica, pertencente à Dinamarca. É coberta de espessa camada de gelo, o que provoca temperatura em torno dos – 90ºC!
TEXTO Nº 90.
Há quem defenda o verbo no plural depois da palavra maioria. Ex.: A maioria dos camisas são boas; a maioria das mulheres são românticas etc. A maioria dos estudiosos, no entanto, é favorável ao singular. Como é de princípio democrático concordar com a maioria, aí, também, estamos nós... Parece-nos, além de elegante, mais prático: A maioria das camisas é boa; a maioria das mulheres é romântica; a maioria das novelas é malfeita etc.
Referindo-se impessoalmente a aula, reunião, eleição etc., o verbo é haver, e não ter, como pensam muitos. Comumente se diz: Hoje tem aula; amanhã terá reunião; este ano terão eleições etc.; quando o correto é: Hoje haverá (ou há) aula; amanhã haverá reunião; este ano haverá eleições etc. É certo, porém: Roberto tem aula; o diretor terá reunião amanhã etc.
TEXTO Nº 91.
Falar ao microfone; falar ao telefone etc., são formas certas. Falar no telefone ou no microfone, constitui erro imperdoável. O telefone elétrico teve seus primeiros passos guiados por Froment, em 1854. Mas foi Graham Bell, em 1876, que tornou realidade esse aparelho maravilhoso.
Formas erradas: o nome do interessado não consta na lista; essa cláusula não consta no contrato; sua obra ainda não consta no catálogo etc. O certo é assim: O nome do interessado não consta da lista; Essa cláusula não consta do contrato etc. Em casos semelhantes (com o verbo constar), aplicar-se de, do, da, dos e das, nunca em, na, nos etc.
A pronúncia e a grafia do paralelepípedo têm sido uma pedra no caminho de muita gente... Para removê-la, basta lembrar que paralelepípedo tem sete sílabas, não seis (paralepídedo), como imaginam muitos.
Reflita, e chegue à conclusão de que ínterim é palavra proparoxítona e deve, por essa razão, ser pronunciada ínterim (ín), não interim (rím).
TEXTO Nº 92.
Pois ali está, no meio da noite, a Lua. É mesmo um lago de prata, com vagas sombras cinzentas – sombras de árvores, de barcos, de aves aquáticas... O céu está muito límpido, e é puro o brilho das estrelas. Mas em breve se produzirá o eclipse.
E então, pouco a pouco, o luminoso contorno vai sendo perturbado pela escuridão. A Terra, esta nossa misteriosa morada, vai projetando sua forma naquele redondo espelho. Muito lentamente sobe a mancha negra sobre aquela cintilante claridade. É mesmo um dragão de trevas que vai calmamente bebendo aquela água tão clara; devorando, pétala por pétala, aquela flor tranqüila.
E o globo da Lua, num dado momento, parece roxo, sangüíneo, como um vaso se sangue. Que singular metamorfose, e que triste símbolo! Ali vemos a Terra, melancolicamente reproduzida na apagada limpidez na Lua. Ali estamos projetados! E poderíamos pensar, um momento, na sombra amarga que somos. Sombra imensa. Mancha sangüínea. (Por que insistimos em se assim?).
Ah! – mas o eclipse passa. Recupera-se a Lua, mais brilhante do que nunca. Parece até purificada.
(Brilharemos um dia também com o maior brilho? Perderemos para sempre este peso de treva?).
TEXTO Nº 93.
A toda hora se diz Senado Federal. Para que federal pudesse se justificar, seria necessária a impossível existência, por exemplo, de outros Senados na República – estaduais e, até mesmo, municipais... Por proposição do que nos entra pelos olhos, vamos, daqui pra frente, dizer e escrever, apenas: Senado; Senado do Brasil etc. Nunca Senado Federal!
A inveridicidade atribuída a uma notícia, chama-se boato, apenas boato. A proposição de falso, como se vê, é desnecessária. Não diga, então, boato falso; falso já é boato.
Diz-se, a toda hora: Vi falar que o filme é bom; vi dizer que Jane e Monique virão; vi dizer que amanhã não haverá aula etc. Ouvi, sem sombra de dúvida (e não vi), é o certo.
Embaixadora é a representante de um país em outro; Embaixatriz é a esposa do Embaixador. Pergunta, então: - Como se chama o marido da Embaixadora? Embaixatrizo é que não é...
TEXTO Nº 94.
Atrás da casa, havia um bosque de pinheiros. Era logo depois do terreirão de café e podia vê-los abrindo a janela do meu quarto. Com o luar ficavam todos meio iluminados.
Em frente à casa, porém, existia aquele isolado. Sempre o amei mais do que os outros. Creio que os pavões, também, porque costumavam pairar a seu pé, atraídos por sua beleza.
Se chovia, virava um pinheiro de Natal, pois as gotas d’água o guarneciam com minúsculas bolas prateadas.
Uma leve brisa fazia com que se movesse suavemente. À luz da Lua, deixava de ser real. Era pouco sonho.
Estava nele contida a minha visão do mundo. Quando deixei a casa, nunca mais o vi. Lembro-me dele como uma coisa viva. E dói esse lembrar.
TEXTO Nº 95.
Quero falar consigo; amanhã encontrarei consigo etc., são formas completamente erradas. Substitua: Quero falar com você (o senhor, a senhora etc.); amanhã encontrarei com você (contigo etc.). Nunca aplique consigo para a pessoa com quem você fala; consigo é para a pessoa de quem se fala.
Comprimento é a dimensão longitudinal de um objeto; distância etc. Cumprimento é a expressão ou gesto de cortesia, saudação. É, também, o ato ou efeito de cumprir etc.
Estadia fica bem para automóvel numa garagem, navio num porto etc. Para pessoas, o aplicável é estada. Ex.: Pela estadia do meu carro, na garagem ao lado, pago 80% do salário mínimo por mês; a estada de Paula, entre nós, só durou duas semanas etc. Muitos permanecem na certeza de que estadia é, também, aplicável em casos envolvendo pessoas, o que não é valido.
TEXTO Nº 96.
Nunca será demasiado repetir que o chefe só se afirma, pelo exemplo, no pensamento e na ação.
E para tanto, o chefe encontra suas grandes inspirações no saber, na justiça e na coragem.
Na medida em que se abrem os horizontes, mais inteligências estarão à sua espera, para que o chefe lhes ilumine o caminho.
Nada se faz sem o dinamismo indispensável às tarefas criadoras.
A ação, porém, deve ser objetiva, na realização das coisas práticas.
É preciso, também, ser simples e humilde, pois o amor à verdade que constrói é a porta de todas as virtudes.
É por seu senso de justiça que o chefe consegue a cooperação desprendida de todos...
TEXTO Nº 97.
Quando se diz – e como! – Lílian foi à fábrica de bicicleta, tem-se, de pronto, a impressão de que ela foi a um lugar onde se fabricam bicicletas. Ao se dizer que Sandra foi à Loja de patins, assalta-nos a certeza de que referida garota foi a uma loja onde se vendem patins; a impressão que se tem é que Luís foi a uma estranha e sui generis sauna para motocas, quando se diz que ele foi à sauna de motoca... Por fim, tem aquele que, morando no interior, foi ao calista de burro, quando, na realidade, ele foi de burro ao calista... Essas construções deixariam de gerar dúvidas se fossem assim: Lílian foi de bicicleta à fabrica; Sandra foi de patins à loja; Luís foi de motoca à sauna etc.
Envergonhado, cheio de pudor, casto. Eis o pudico (í). Sendo paroxítona, como é, o acento (ú) que muitos lhe põem, não assenta bem...
O ímpio é o descrente, o herege, o que não aceita a existência do Ser Supremo, responsável pela existência até dele próprio. Impio é o desalmado, cruel, desumano, etc.
TEXTO Nº 98.
O cooperativismo, hoje em dia, é uma das maiores forças que estão surgindo neste país.
E existem duas grandes razões para isso.
Primeiro, porque as cooperativas – sejam agrícolas ou pecuárias – são, atualmente, o melhor meio de que o Brasil dispõe para melhorar o desempenho de suas fontes de alimentação.
E depois, porque as cooperativas são, provavelmente, a forma mais democrática de organizar pessoas em torno de um objetivo comum.
Numa cooperativa, todas as decisões importantes são tomadas em assembléia geral.
E nessa assembléia, cada associado tem direito a apenas um voto – não importa qual seja a sua participação no capital social da cooperativa.
Isso é que caracteriza uma cooperativa. E é por essa função de promover o equilíbrio social tanto quanto por sua função de estimular a atividade econômica, que o cooperativismo está se tornando cada dia mais importante no país.
TEXTO Nº 99.
Sempre objetivamente, vamos tentar ajudá-lo a acabar, de vez, com a dúvida na aplicação de trânsito, tráfego e tráfico. “As pessoas, nas rodovias, devem transitar sempre no acostamento e na contramão”; “é perigoso o trânsito de animais, nas estradas etc.” “O tráfego aéreo entre Rio e São Paulo é intenso”; “os ônibus estão proibidos de trafegar na Av. Atlântica”. “O tráfico de mulheres é uma das mais sórdidas das atividades humanas”; “não obstante a intensa luta das autoridades, ainda é intenso, desgraçadamente, o tráfico de drogas em quase todas as partes do mundo.” Pelo exposto, trânsito é de pessoas e animais; tráfego, de veículos (trens, ônibus, automóveis, aviões etc.); e, tráfico, é a prática abjeta de comerciar drogas para viciados e recrutar, para transportar a outros países, mulheres destinadas à prostituição.
TEXTO Nº 100.
A vida de Eduardo desandava. Tudo o que havia possuído, um dia, tinha sido entregue aos cobradores. Até os móveis de sua casa. Apesar de tudo, continuava devendo. Sua esposa e filhos passavam por necessidades.
Mas Eduardo prosseguia trabalhando, não se cansava nem se desesperava. Ia vendendo seus objetos mais simples, mas o pão e o remédio para a família não faltavam. Durante doze meses de privações e sofrimentos, o infeliz chefe de família perseverou lutando.
De certa feita, porém, foi vítima de torpe calúnia e perdeu o emprego. Procurou outro. Andou, indagou, pediu, implorou. Nada! Reuniu seus últimos pertences e os vendeu. Mas, fome, seus filhos não passavam.
Finalmente, tudo se escasseou por completo. De eminente bancário passou a humilde lenhador. Mas prosseguia heroicamente. Seus recursos ficavam cada vez mais parcos e as dívidas de novo aumentavam...
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